É madrugada
E estou morrendo de sede
Ainda sim grito com todas as minhas forças
Eu sofro pela sede... Por não ser ouvido... Por ter nascido
Grito e a vizinhança não acorda
Não me querem por perto
Pois durante esses momentos, mas perturbadores eu me transformo.
Metamorfose indigna não sabe por que penso na ajuda dos outros.
Afinal todos morrem, devo aceitar isso?
Se todos estamos condenados a um claustrofóbico caixão
Por que eles dormem enquanto eu grito?
Eu deveria acreditar que todos já estão mortos e não condenados
Essa inércia me incomoda... Eu grito não esperando ajuda, mas acreditando que alguém gritará mais alto do que eu para que eu possa me calar. Mas se os saudáveis não possuem vozes para calar os sedentos, não podem nem mesmo contemplar o silêncio das suas águas.
É madrugada e sou o rei do mundo dos mortos
Tenho sede e a saliva me desce como ácido pela garganta
As águas silenciaram-se
E o Madeira esta hora é negro
Como um espelho fosco
Que mostra a lua
Mas não revela meu rosto...

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