S/ titulo

Insuportavel, era assim que podia
se definir aquela tarde, ou aquele
fim de dia, a estrela brilhante
estava torrando a paciencia de continuar
respirando, velocidades que ninguem consegue
entender, numeros que matam, que assutam,
o transito era um reflexo do insuportavel
naquele fim de dia triste, quase não se podia
ver os passaros, e nos meio daquele calor
escaldante, até as aves buscavam refugios,
e em um minuto de fama, um minuto de drama,
um passaro foi visto, parado ali no meio do
movimento, no cruzamento, cantando canções
vitoriosas enquanto a luz vermelha do
semaforo não se apagava, e logo já
vinha uma luz verde, que indicava
liberdade, e novemente velocidades,
agressividades, que se somavam a novas
estatiticas, o mundo naquele momento não
andava tão calmo a ponto de romantizar
o canto de um passaro, mas esse foi o motivo
que amenizou o peso do dia, as ruas empoeiradas,
a sujeira na estrada e alguem da sacada do apartamento,
olha o jumento carregando agua, para onde os canos não
chegaram, onde as dificuldades são maiores,
onde a comida nem todo dia vem, onde as letras,
são bastantes complexas e um conjunto de letras
não formam nada, onde os cantos dos passaros ainda
são aprecidos, na calmaria de onde tudo é dificil
os passaros ainda tem seu valor, pois cantam de graça,
para os ouvidos do pensador

S/ titulo

Poderiamos estar comemorando,
mas não estamos, mesmo com a noite
suave e a bebida gelada e a comida quente
não comemoramos, pois alguem nos disse
que Friensky, não estava mais entre nós,
nesse mundo consumido, ainda não sabemos
o motivo de sua morte, ele trabalhava durante
o dia todo e até alguns pedaços da noite,
todos acreditam que o brother Friensky,
morreu no trabalho, porem seu corpo foi
encontrado embreagado e jogado em um bar,
alias em mais um bar, uma pessoa que nunca
bebeu e não gostava da amargura das bebidas fermentadas
a viva já lhe era muito amarga,
e então podemos comemorar o que?
vamos celebrar a passagem da vida
terrestre para a vida celeste?
não é nosso prestigio,
poderiamos nos lembrar, dos
dias crueis na fabrica, das
mãos calejadas, das mãos quebradas
dos sonhos que sumiam, a cada queda
da lamina que cortava chapas, cortavam
pensamentos, ideias, no caso do Friensky
cortou seu corpo, se tornou morto,
e ao contrario do que alegaram, ele não
estava muito louco,
talvez aquelas mãos cansadas de verificar
cabos eletricos, eletronicos, eletrons
que contaminavam a mente e na tarde, poderia
ter influenciado na tentativa de matar seu
patrão, e duas horas mais tarde, foi encontrado
morto no bar, esse deve ser o mundo em que vivemos
esse é o mundo em que morremos, esse mundo é onde
comemoramos todos os dias todas as mortes, todos
os indios, todos os cablocos, todos os escravos,
todos os membros do sub-mundo, todos da cana, todos
da soja, do milho, madeira, petroleo foram mortos
como voces, como nós.