... do que ficou.

Dos tempos de criança
ficaram só as criancices
De tudo aquilo que eu tinha
ficou o nada que sobrou
Daqueles tempos saudosos
ficaram os momentos mentirosos
Das amizades aladas
ficaram os corvos sem asas
Do tempo que eu me achava esperto
ficou só a vontade de tudo dar certo
Do tempo de ser sem querer
só restou o querer ser
Dos livros devorados com esperança
ficou nada mais que ignorância
Dos tempos de criar mundos
ficaram só os sub-mundos mal-inventados
Ah, dos tempos de sorrir de tudo
ficou só um retrato carrancudo
Dos sonhos mais belos
ficaram insônias e olhos vermelhos
Do tempo de ser útil
ficou só ócio táctil
Daquele tempo em que eu amava
ficou um verso sem palavra
Do medo de não ter medo
ficou o estado mórbido perfeito
Do que temos hoje
só nos fica o amanhã
Tenho sorte hoje
Amanhã não terei mais
O que temos é o que nos resta
e estamos querendo demais...

O ESTADO MÓRBIDO

Noite paradisíaca, Jesus dorme Ainda
Eu sustento toda madrugada
Com uma grande fantasia caída...
Sem fôlego eu mergulho profundo
Escondo tédio e fim
Preencho o vazio do mundo
Eu oculto a insignificância apenas de mim

Despejaram cinzas e confessei tudo ao tempo
Como tentara uma vez revelar o inferno
Mas venerei meu próprio sofrimento.
Resolvi ser Caliban,
Porem era fraco como ariel.
Exaltei Cain pela manhâ
Mas na noite obedeci a maldade de Abel...

Eu alcanço Deus com geometria e não no amor
Apocalipse é uma corrente subterrânea fria
Que aperfeiçoou prazer e intensa dor.
Quando o Genesis perde o ar e a calma
Lamenta-se pela atmosfera
O vento desordena toda a alma
Desconfio que meu espírito fugiu da nova era.

O espelho do sono

Água cristalina derramada
Refletiu uma agonia iluminada
Águas que caem como lagrimas
Fria e fina corrente quebra
Esculpiu nosso rosto em uma pedra
Faces que unem olhos
Treme ponto ocular em suave sonolência
Domínio quimérico em uma transparência
Com toques a serem sentidos
Que abraça lentamente o seio meu
Além da magia de Morfeu...
Metáforas mostram mentiras metafísicas
Movimentando-se mutuamente miserável
Mergulhou Madalena maravilhosa,
Mulher muito misteriosa,
Metamorfoseou mística memorável.

Medito meu medo medieval
Melhora mediocridade maternal
Matricídio magnificente,
Mãe mascarada maldita,
Morte maior medita,
Magia mortal malevolente

Moldando mausoléus, moradias!
Minhas mãos moldam mortos,
Maria modelou messias...
Messias murmurou milagres,
Modificou morféticos mortais,
Menos macabras monstruosidades
Mitológicas monumentais

Marduk mantem-se monumento,
Mefistófeles menosprezou mortandade,
Mitologia marcou momento...
Mãe mandou mensagem maligna
Minha melodia marcou meio-dia!
Manchando moralmente mulher
Minha madona macilenta, macia...