Fatídica Esperança

Entregue ao ócio Eu somente respiro fuligem

Nenhuma demência, maculada distinta,
Somente o tédio de origem...

Ocasião angustiante de gemidos
Nascido na barisfera severa
Unido aos abortados oprimidos
É a obra bastarda da nova era

Este fastio repartido ao meio
É para ídolos e fetos ausentes
Como essa fatia de asco que semeio

Amarga é a união
Um desgosto espúrio ao amor
Suave é a desocupada depressão
Para o maléfico embrião filho do horror!
Talvez

Talvez eu seja só um cara normal

com manias esquisitas
Talvez os chamados
que me fazem as poesias
dos poetas mais vagabundos
sejam só invenções
Talvez as artes
tenham me ignorado
Talvez por isso
meus escritos são tão etéreos
e sem valor vital
Talvez a fria solidão da madrugada
tenha achado em mim um amigo
Talvez a escuridão
tenha visto em mim
alguém para compartilhar segredos
Talvez eu tenha me perdido
no caminho dos livros proibidos
Talvez a covardia
tenha me adotado como filho
Talvez meus amigos
sejam só meus amigos
e não daquele que
eu realmente sou
Talvez eu nem esteja morto
E talvez até as dúvidas
não sejam nada mais
que talvez...