Bestagem

Um ser estar, quando proximo de alcançar um objetivo já está passando para outro, não por opção mas por falta delas, como quando um veiculo com pouco combustivel estivesse proximo ao posto de combustivel o mesmo desaparecesse, e traz de volta a agonia de viver com pouco, viver com quase nada, no momento em que o mundo nos oferece um trilhão de novidades no meio cibernetico, em um ciberespaço, mas de que adiantaria ter tanto se nem sangue passa pelo coração, sangue que derrama pelo corpo alcançando o chão, hemorragia causada por uma religião, talvez nem todos conseguissem acompanhar a fluidez do sistema, talvez aquele deus já estivesse morto e enterrado, o problema é aceitar, talvez o rei já estivesse nu, nos computadores, enquanto nem a primeira peça de sua roupa tivesse tirado, a super velocidade da informação, já nos deixou sem passado e agora tambem sem presente......
“Fala-se tanto de memória porque ela não existe mais”, exclamou o historiador sobre a posição de querer transformar nossas lembranças em história. Quando perdemos uma pessoa que confessamos parte de nossa vida, parece que perdemos parte de nossa memória, uma fatia de nossas próprias histórias. Tudo que temos é sempre o que nossa vida será.

Eu tentei repelir o tempo e escrevi uma outra trajetória de olhos fechados. Refugiando-se em sombras, eu estava esperando por você dentro de meu próprio orgulho covardemente... mas como estamos distantes, somente um longo lapso temporal pode mediar nossa relação de longa duração. Somente os pássaros podem ir tão longe na liberdade de suas asas. O sol se pôs e não percebi que o dia acabou.

Os sentidos estão pesados, fiquei algum tempo fora de minha própria realidade. Alguns anos já se passaram e as ilusões se apagaram. O absinto de Baudelaire já não me embriaga, as orgias sadicas não me trazem nenhum prazer, assim como afastei-me do spleen byroniano. Eu não sou o mesmo e os dias foram os piores. Agora a vida não é linear e o circulo se completou. Não há nenhum degrau acima. Encontrei o ponto que me inclina ao caos, daqui não posso recuar, não se pode mais respirar esta atmosfera. Esta é a realidade: quando o ser metamorfoseia-se em nada.

As escolhas assaltaram os sentimentos, rompeu-se os sentidos e criou-se uma inquietante alucinação pela nostalgia, mas sobretudo pela vontade de viver tudo no presente. Mas tudo passou, não retornaremos, esse é o fim. O que resta é um tempo que vai se desgastando a cada segundo pelo silêncio total.

Arruinarei algumas horas na existência, mas afinal, poderei assassinar a memória em um profundo sono do esquecimento? Uma corda envolvida no pescoço e uma faca cravada no pulso é a única certeza do óbito histórico.

***

HORIZONTE ESCURO

TEUS OLHOS ERAM COMO REALCE DE VELAS COM AS CHAMAS A MORRER
TUA PÁLIDA PELE FRIA ANTES CHEIA DE VIDA
AGORA ESTÁ RASGADA COMO ESPINHOS DE GELO
TUAS TORRES CAÍRAM AO CHÃO

[BLACK HORIZONS - DISSECTION]


Frígida madrugada que assalta as almas vulneráveis

Na terra firme o reflexo abaixo do rio impetuoso

Posso ver o horizonte negro do meu passado

O vento que corta a correnteza

Da água obscura das recordações

Traz a poeira para ofuscar a visão

Cada grão do pó envolve obsessões

Suspende-me no ar que devora

Por cima de meu orgulho

Olhando para minha sombra distante

Misteriosa percepção

O tempo tornou-se esquecido

Gravitando sobre o solo ameaçador

No topo de minha ilusão

De olhos fechados como temeroso sou

Elevado como em precipício

De baixo a rocha me conquista

O granito polido anseia por suicídio

Obscuro abismo de minha memória

Mergulho no vácuo da escuridão

Destino escavado pelo impacto

Sono fundo... destruição

O meu ser esculpido e fragmentado

Corpo que flutua na solidão



ACADEMIA DE HISTÓRIA E FRONTEIRA INTELECTUAL

Todos chegam entusiasmados e adiantados. Exceto alguns, aqueles pobres em entusiasmo.
O professor erudito adentra no bando para aniquilar, todos o aguardam sentados e ele sabe disso... Espera anualmente para encher a boca com palavras irônicas aprendidas na sua província. Usa Bloch, Marx... Mas em seus gestos e desprezo pela teoria histórica reina muito mais Seignobos e Comte. Graceja com ironia e se arrisca a querer falar de filosofia. Um agrupamento de peixinhos vão de encontro, pois querem se auto-noticiar e sair nas bordas da imagem do doutor letrado que é quase um coronel em sua província.

O professor erudito teme Dosse, Burke, Nora, Chartier e toda essa ‘playboyzada’ que renovaram a história. Os “alguns, pobres em entusiasmo” começam a questionar aquele catecismo de índio sem etnia. (Des)organizam a academia, em fins de aula ingerem álcool e fumam seus cigarros baratos em conversas que não custam nada e que não se publica em revistas e periódicos. Não se publica, mas enfrenta-se. Há aqueles que falam do homem nos primórdios, se viviam sem ou com o Estado/governabilidade, evocando da arqueologia à filosofia de Rousseau. Aqueles mais revolucionários perguntam-se sobre os processos de (in)dependência da América Latina, do Maio de 68 à Foucault. Dentro desse contexto, discutem-se a ‘tirania’ de professores e o fascismo dos alunos. Há também indagações sobre a religião, das ‘mazelas’ cristãs... A história se faz com combates.

O cardume de peixinhos adentra no aquário do professor, nesta água, só eles podem nadar. Produzem artigos sobre: sincretismo, a origem das coisas, dos nomes e dos números. Escrevem num positivismo-regional com apelo a história oral sem tamanho. Ajoelham-se para seus mestres, os eruditos da história local. Outros historiadores e antropólogos tem combatido este agrupamento, tanto dos professores-pescadores como dos peixinhos que nadam no aquário da universidade.

A antropologia argumenta que historiadores deveriam ser coibidos de estudar a cultura. É uma clara tentativa de defender seu campo e não corrompê-lo na etnografia de historiadores (leia-se descrição de ‘populações tradicionais’ associada ao etnocentrismo) de meia-boca. O problema é que alguns peixes (estes não nadam em cardume) generalizaram argumentando que todos da História eram deste mesmo aquário. Tal argumento provém principalmente de um cientista socialzinho que lambeu no Priapo da História e só largou o membro quando o Priapo marxista-hermeneuta-uspiano deixou a universidade. O cientista... direi cronista da sociologia, pois tem se envolvido na literatura local, escrita pelo seu Priapo, com abordagem sociológica (segundo ele). É necessário salientar que este intelectual das letras, que jura escrever como Deleuze, escreve errado, não no sentido Saramago, mas por não conjugar um verbo corretamente. Isso é contraditório, pois ele vive a dizer que historiadores não sabem escrever.

Vive a dizer que somente eles (cientistas sociais), podem ler Weber, Marx, Foucault, entre outros. Só eles podem ‘criar’ e escrever. É o ‘intelectocentrismo’ que tem sede de se rebelar. É o diagnóstico de um cronista seriamente ameaçado, temendo que os alunos da história (exceto os peixinhos) combatam os parasitas da universidade sem ter que institucionalizar o movimento com nomenclatura mao-marxista. É necessário reconhecer que há serias divergências em qualquer movimento que se organize na história, desde alunos que boicotam não participando, até os (peixinhos) que fazem a política do contra. Portanto, não existe uma unidade da história, mas um fragmento que é combatente.

No momento, os peixinhos estão tentando tornar-se peixões como o professor erudito. O cientista socialzinho está tentando uma vaga de literato local, contraditoriamente a linha de história e ficção, para garantir que sua literatura seja vendida na província dos peixinhos, aliás, este aguerrido cronista não sai de sua província. O professor erudito continua adestrando novos peixinhos para o aquário. E os “alguns, pobres em entusiasmo” tem se engajado na docência e na pesquisa da história e filosofia como o eram em suas discussões, mas se reunindo em conversas regada a drogas, bebidas e história.

S/ Titulo

Hahahahahahahahahaha, essa vida é mesmo uma comedia,
pena que não tem mais valores, nessas cidades podres,
exploradas, devastadas, prejudicadas, capitalizadas, as crianças
realmente devem estarem loucas/ aquela mancha de sangue que surge,
na sua face significa seu fim, fins declarados e vidas surgidas dos esgotos podres,
de uma água tão limpa que recebemos/ com todos os seus livros, todos os seus títulos,
toda essa bagagem já não servem mais para nada, quem luta contra é uma criança faminta,
com aquele três oitão na cintura/ hoje pode ser o ultimo dia antes da ultima noite,
essa noite eles se matarão, esses lobos solitários que tem mais de mil complexos,
suas bocas com um suave sabor de sangue fresco, talvez você seja a próxima vitima,
talvez deixe de ser vitima, talvez todos os terroristas se encontrem  e tomem aquele velho
chá pela tarde, e depois como um até logo, saquem suas armas e se explodam, nos explodam/
minha arma tão amada, minha amada tão armada, talvez fosse você um grande problema,
as vezes você se torna aquela luz no fim do túnel, talvez esteja em perigo e no desespero de
ficar sem você, parto em busca, parto e me parto, depois como montando um grande quebra cabeça,
me reconstruo, com toda aquela grande dor, canto a primeira musica e lembro que fim e começo são
os mesmos, talvez seu dia comece com o meu fim, ou ainda possamos daqui uns 900 anos caminharmos
juntos pelo parque e alimentar todos os monstros que nos cercam/ se eu disser que amo você, você não acreditaria em mim, pois diante de tantos vocês, perco meu eu/ morte, morte, morte, velha amiga trágica,
andamos lado a lado, as vezes me enfureço com sua presença e acelero, me torno aquelas criaturas ofuscadas,
que são intrusas, criaturas/ pobres criaturas, que nunca explicaram uma lógica, talvez o melhor amigo te veja morto, enterrado, seqüelado, transtornado/ talvez todos os conceitos estejam errados, talvez o assassino não te mate/ talvez, talvez, aquele velho homem coloque seu novo sutiã, recarregue seu velho grampeador e grampeie, suas pálpebras, sua língua, grampeie seu coração que ainda insiste em bater/ a estrada estava molhada, os corpos molhados se tornam sensuais, as curvas parecem não ter fim, viajo no seu corpo, vagueio pelo deserto de seus olhos, mas não, a estrada estava molhada, sim tinham marcas de explosões ao redor, deveríamos ter parados e ter nos explodidos, mas não continuamos para ver o pior....

Ao nascer do sol a lua se esconde e ao por do sol a lua surge. De alguma forma o sol e a lua nunca se encontram, vivendo esta eterna perseguição de sentimento que diversos homens e deuses já tentaram explicar. O sol considerado o grande astro quando surge nesta terra desgraçada feita por seres velhacos e com péssimo cheiro, traz a luz e o calor dando vida ao homem.

Este ser que de alguma forma tenta dar sentido e significado a sua miserável vidas não conseguem ser feliz, durante toda a história dos humanos [humanidade/desumana?] acreditou ter inventado diversas coisas até um mundo sem os humanos. Criaram/Criamos pais, irmãos e amigos e tudo isso na tentativa de dizer – eu sou importante para algo/alguém. Eles/Nos inventaram/inventamos o tempo e a ausência do tempo, criamos as coisas e as coisas nos criaram.

E diante de tantas coisas criadas, foi possível notar que nada disso justifica estar aqui [Daissen?]. De todas as invenções duas se sobressaem perante as outras, a vida e a morte. Pois a invenção da vida gera todos os problemas que aqui presenciamos e a morte soluciona a maioria, muitos podem até discorda mais é fato que a morte resolve as principais questões da nossa existência, não nego que viver traz alguns problemas in-solucionáveis que nem a morte resolveria como o simples fato de existir.

Defendo sim que a morte como solução dos velhos e dos novos problemas [defendo até a morte], acredito que a vida seja a geradora dos nossos dilemas. A principal questão aqui não seria se a morte é a solução certa ou não [deixo este problemas para os verdadeiros filósofos/poetas do cotidiano], a questão é como morrer em uma sociedade que o homem é eternizado por palavras sem significado, como morrer em uma sociedade que já nascemos póstumos?

De certo modo, ventos de felicidades passarão por esta região e assim hoje pela manhã respirei este ar tão raro aqui dentro de mim.
Hoje acordei com algumas misérias de felicidades em mim, foi um dia diferente meu presente dia, meu presente dia...
Mergulhado em diversas filosofias e afins encontrei a felicidade, me sinto muito bem.
Manhã qualquer.
Soldados da paz.

Fracasso.


Depois de ter fracassado em diversas tentativas agora me vejo em uma situação de extrema agonia, com apenas um plano e um responsável, assim não vejo outra saída não sendo meu fim. Tenho o grande medo de não consegui o que considero único desejo do meu velho e fraco ser, não tenho forças suficiente para liquidar com o meu eu interior e minha mente já cansada. Desejo o fim dos meus sinais vitais, contudo me faltam-me forças.
Não sei se tive uma vida dignar até aqui, não sei e não me importo com isso, meu caminho até aqui não teve objetivo algum e minhas ações sempre foram realizadas em meu beneficio próprio, característico do meu egoísmo. Não consegui ser feliz e apensar de ter dedicado a humilhante vida que tive apenas aos meus ideais, não encontrei a felicidade. Certo vagabundo me disse uma vez que a felicidade encontrava-se em nossa mente, acreditei nessas palavras e fui atrás da felicidade, mergulhei em meus pensamentos profundos e na busca eterna da felicidade perfeita não encontrei e foi assim que me perdi em meus pensamentos. Agora me encontro aqui neste limbo, perdido e só, e o pior de tudo ainda não encontrei a utópica felicidade.
-Ele não sabe que a perfeição não existe?










Novos caminhos.


É necessário novos amores e novas paixões por uma vida boa 
Por uma vida plenamente
Por uma liberdade absoluta
Pela verdade. 
                       Há de ser apaixonar erroneamente,
                       Por alguém errado mal acabado
                       Uma pessoa que com todos os defeitos existente
                       Uma pessoa perfeitamente errada.


Desejo novos caminhos
Um novo mundo
Com novos ares e novos obstáculos,
Uma nova frase com sujeitos, predicados novos
Pode ser inventados
[Quero viver errado meu bem]

S/ titulo

O coração bate acelerado, descompassado,
se levanta vai até a geladeira e à abre, mas
além de abrir a geladeira, precisa abrir a porta
da casa e sair, é madurgada a rua está calma
segue ruas que não conhece, passa em lugares e
logo se esquece, sua visão está transtornada,
pensa em desistir, mas tem um coração que
insiste em continuar batendo, mas batendo
querendo parar, segue ruas e não para, toma
comprimidos sem limites de quantidade,
continua acelerando a motocicleta, porem a
velocidade é baixa, na sua mente alguem
está lhe seguindo, alguem está emergindo
na sua frente, freia bruscamente, e salta
violentamente, violento são os golpes aplicados
no ar, os poucos espectadores olham assustados,
ouve tiros de fuzil, motores de helicopteros,
percebe que a melhor alternativa é fugir,
neste momento seu corpo está tremulo,
têm dificuldade para segurar o guidão, mas consegue
fugir, trafega em alta velocidade, porem com nenhuma
vontade de continuar, resolve procurar os amigos,
porem acha melhor fazer uma visita para seus inimigos,
as ruas parecem todas iguais,
a localização se torna quase impossivel,
o combustivel começa a chegar ao fim,
seu corpo tambem, toda a energia está se esgotando,
a cabeça doi sem cessar,
a alucinação causada pelo remedio se transforma em dor,
e assim parece estar acabando mais uma noite tranquila...








INVARIÁVEL MATERIALIDADE

(...) Então nasce nele o estranho imperativo: ou parar de escrever, ou escrever como um rato... Se o escritor é um feiticeiro é porque escrever é um devir, escrever é atravessado por estranhos devires que não são devires-escritor, mas devires-rato, devires-inseto, devires-lobo, etc. Será preciso dizer por quê. Muitos suicídios de escritores se explicam por essas participações anti-natureza, essas núpcias anti-natureza. O escritor é um feiticeiro porque vive o animal como a única população perante a qual ele é responsável de direito (...) Deleuze & Guattari. Um trecho solto de Mil Platôs - Capitalismo e Esquizofrenia (1980). Uma epígrafe no vazio.



1. É detestável pensar no cotidiano como ele é construído, endurecido e submergido no tempo. É uma visão cruzada para elementos concretos e compreensíveis das criaturas que inventam mundo-perverso. Sofria bastante quando via calçadas imundas no centro, um meio-fio podre e lodo escurecido onde não pude debruçar-me. Padecia por não estar ali, dentro da imundície como qualquer larva que se relacionava com as outras. Era um existido que ecoava desespero somente em mim, a sujeira a qual os meus iguais não poderiam participar porque se sentiam lavadinhos mas haviam entupido todos os seus buracos com as materialidades, não lhes sobravam nem o anus onde a merda estava travada na entrada. Foi um evento pouco significativo, porém, oferecia a liberdade de esquivar-me da sociedade vomitada em ostentação. Era preferível mergulhar naqueles detritos mastigados e defecados. Isso não é um apelo a imundície.



2. Afundei denso. Fluía merda, e ela se fazia presente em todos os pulmões que absorviam o odor fétido flutuando sobre as nossas cabeças. Eu olhava com o corpo inclinado para frente e orgãos pendurados por fios, observava a geometria que ligava os indivíduos; linhas horizontais, verticais e uma fresta de fuga. Eu fugindo da materialidade, enxergava só materialidade. Era só aquilo que existia no vivido, no agora; metamorfoseado sem questionamentos, havia um circulo de indivíduos e um ordenamento deles em minha mente. Não era por acaso, mas era apenas uma fatia da imagem. O ambiente se restringia à uma coluna de concreto, degraus sombreados com quadriculados e muita imundície. O resto era meta-física diluída.



3. A coluna vertebral já ia bem amolada, o corpo estava pedestalizado neste obelisco. A traquéia demasiada ácida sentia cada saliva seca migrando. Um mal-estar proliferava no organismo, o sangue circulava morno. Esgotamento e enfrentamento. Uns quatro passos abaixo dos degraus e me apoiei na coluna de concreto; pensei o que constituía aquele instante, o gesto, naquele espaço vazio-social cada vez mais um todo-material. É como se o instante estivesse condenado às linhas que distribuíam os indivíduos que ao mesmo tempo se manifestavam através de uma linguagem. O instante indicava uma manifestação superior aos nossos pérfidos pensamentos. Um momento intenso sem preocupações mergulhado nas fezes. A memória se esvaziava e sedia lugar ao momentâneo, este se prolongava pela profundidade que mergulhava na reflexão das representações materializadas. Na realidade não é possível definir se são representações materializadas ou materializações representadas! Diria que enquanto vermes e micróbios envolvem o ambiente no espaço pútrido, a fala funciona como um mecanismo que possui um ponto de partida, seja ele um simples cumprimento ou um diálogo extenso. O ponto em discussão é para onde esta fala migra, se migra ou se possui um ponto de impacto que atinge o sujeito. Não creio que ela seja inerte, as fezes não são imóveis, não se originam da digestão: fluxo ordenado de idéias, posteriormente paralisadas no fundo estomacal. É necessário ter um caos cá adentro para gerar uma merda. Diria então que esta conexão dos indivíduos é uma fala, a linguagem dos materializados, daqueles que falam muita merda. Lembro que esta conexão a qual me refiro agora não é geométrica, mas aleatória, se enfia em qualquer buraco ou pode sair de qualquer orifício, como fezes. Ela parece fluir no popular. Não é uma questão de desperdício do discurso, mas é a assinatura do óbito histórico?