Noite na caverna

Pálpebra demente,
Lagrima fervente
E uma linda face pálida à lua
Essa é a Dama misteriosa que vejo na rua...

Quando caminha parece flutuar
Vestida em um sudário obscuro,
A face reflete mesmo no escuro
E o perfume se espalha pelo ar

Ela entra na necrópole sagrada
Com seu rosto triste caminha na madrugada,
Seguindo o sepulcro da ilusão
Chegando a um túmulo de podridão

Um lugar onde se encerra o espírito
Templo de descanso e perturbação,
Choro, gemidos e um lúgubre grito.
Minha alma se perde na escuridão

Perdido, entro na caverna maldita.
Lugar quente e uma treva infinita,
Entre muitos vejo a donzela misteriosa
Com sua agonia e a face lacrimosa

Com seu olhar fúnebre ela suspirou
Ainda trêmula a donzela se afastou
E olhou com um olhar flamejante que arde
E iluminou como o sol da tarde...

Vou eu insano atrás da donzela
Nessa impertinente obsessão
Bem perto, consigo ver a sua face bela
Antes de se perder no sono da ilusão

Criaturas estranhas surgem em meu redor
Tenebrosos e macabros, penso no pior
A brisa e o sol da tarde da donzela morrem
Almas tentando fugir do abismo correm

Tudo fica tão assustador
Tornando-se mais perfumado
Eu entre as carcaças e o horror
O cheiro da podridão é o odor apaixonado

Agora meu coração bate errante,
Eu fico sombrio e fascinado
Sigo a donzela no instante
Na caverna começo a ficar sufocado

Pragas corroem as almas da cruz
Pecadores ainda acreditam em uma luz...
O profano vem em grito de insepultos
— Cadáveres sofredores estão ocultos!

Trovoadas apocalípticas traz a calma
O suspiro de Satanás devora a alma
Gemido de pecadores se torna loucura
Sangrando, Sofrendo e por ultimo devorado pela criatura.

O profano descobre o meu ser mortal.
— Pobre vivo perdido, Quem és?!
Eu amedrontado — Sou um macabro, poético canibal
Ironicamente — então conquiste e devore uma mulher!

Uma harmonia se espalha pelo ar,
Vi a donzela adormecer. Vi-a chorar
Satã aborrecido —Vai maldito! Pratique sua antropofagia!
— Sou poeta quando amo, não desperdiço poesia...

Agora tudo se torna horror e agonia
E Satã cuspiu todo seu ódio e ironia...
Eu respirei como um desgraçado
— Vai cristalizar no fogo pecador, esqueça seu passado!...

Aclamei como Pedro Ivo —– Fugi do solo maldito,
Fugi, estou no infinito!...
Grito de insatisfação se ecoou
E a donzela acordou

Enquanto demônios me olhavam, eu tremia.
Acrescentei — Srs. Estou aqui por amor e sentimento.
Segui-a, flutuei ate aqui como vento
Por aquela linda face que dormia

Descobri que aquele profano não era Satã
Mas um grande demônio que esconde o amanhã!
Com toda sua crueldade e egocentrismo,
Berrou: — Hipócritas no abismo!

Logo se formou um tufão
O profano incendeia e faz um furacão
Pecadores queimam-se na chama
Cadáveres apodrecem na ardente lama

Imediatamente as criaturas bradam para mim
— Vadio! Hipócrita! Bastardo! Esse é teu fim!
E vieram em minha direção
Loucos e desvairados queriam o meu coração

Senti uma vontade abominável
Pensamento sórdido, intuição de viver,
Macabro e insuportável,
Desejo de que aqueles demônios eu tinha que comer

E o primeiro aproximou-se furiosamente
Esperei o veneno demente
Com suas garras esgarçou em meus braços
Meu sangue escorreu, mas ainda bem escasso.

Gargalhei em uma ironia descomunal
Fingi para disfarçar a dor louca
Em uma violenta pressa mordi brutal
Arranquei metade de seu pescoço com a boca

Degustei aquele sangue azul,
Comi aquele único pedaço cru
E vi a matéria maligna ceifar
E vi minha vida encerrar

Estava eu com o sangue daquele possuído
Estava eu com ódio e da vida desiludido
Um esquadrão satânico me avistou
Olharam-me e violentamente atacou

Senti as garras desforrarem
Lutei como um audaz canibal
Vi minhas mordidas esconjurarem
Afrontei-os como um animal

Ora eu mordia-lhes violentamente,
Ora eu arrancava cabeças cruelmente
Sofri com as garras amoladas,
Sofri com as chamas borrifadas

A batalha formou uma terrível fulguração
Esgotado eu via o final
Tudo se envolvia em rajadas de fogo e trovão
E lutei como um imortal

Mas na covardia corri para um pântano obscuro
Dando de olhos com a donzela no escuro
Os demônios me procuravam
Cuspiam fogo e gritavam

Agarrei-a e juntos entramos em uma treva
Beijei-a. Seu cheiro era de erva.
Estávamos seguros, mas continuei agarrado
E ela deu um suspiro gótico apaixonado

A paixão se envolvia no meu sangue derramado
Da insana antropofagia vinha o amor sedado
Não disse nada, deixei meu olhar psicofago falar,
Com o negrume e triste emitir sentimento de amar

Foram beijos ardentes,
Suspiros e sussurros apaixonado
No inferno o amor é quente,
Adormeci esgotado...

Tempos depois ouvi um clamor
Não era do inferno e nem do suposto Satã
Lembrava o profano Abigor
Acordei, já era manhã.

Dizia; — Acorda necrofilo vadio!
Dormiu no cemitério, vagabundo!
Jogado ao frio
Tu fizeste sexo com a defunta imundo?!

Levantei-me assustado
Olhei-me, estava machucado.
Era um coveiro aborrecido.
Ele não ia acreditar no que tinha acontecido

Espantei-me quando vi a donzela,
Ainda pude ver a linda face que faz ela
Estava ao meu lado inanimada
Como se fosse minha eterna amada

Eu disse: — não sei explicar meu senhor,
Apenas entrei num marasmo de amor e horror...
E fiquei quieto admirando sem temores
Ainda desejando amores

O arrogante coveiro me mandou ir embora
Pesadelo, sonho ou realidade e agora?
Ainda continuo indeciso...
Vou cair no sono é isso que preciso.

Onde estou.

Uma sala. (aqui esta, estranho) neste local tem varias pessoas. Cada um em uma mesa sendo que, se encontra um casal a sós em uma mesa conversando eu não acredito que ali role algum clima amoroso, acredito que já tenha visto o rapaz que está acompanhando a moça, em alguma esquina desta vida, não sei onde mais não me es estranho, mais a moça duvido muito que a reconheça pois ate o memento não vi seu rosto, porque ela se encontra de costa para mim.

Ao meu lado têm uma menina branca de cabelos loiros, tem traços indígenas ou asiáticos, não sei bem, acho que ela esta com frio, ela esta com duas blusas, aqui esta frio mesmo, putiz e como esta frio, lá fora chove, pela janela vejo o tempo fechado, a cidade fica mais triste quando chove, eu a acho mais bela, gosto da chuva, me lembra a solidão, solidão.., a menina ler um livro groso, me parece ser chata a leitura, algo haver com leis, ela tem um cordão de ouro acho que sua mãe ou pai lhe deram, um estrela de Davi, será que ela es judia, acho que não, estes judeus...

Do meu lado direito têm um rapaz, bem concentrado, deve esta fazendo um enorme esforço, para dar conta deste livro ainda hoje, conheço aquela chave, o armário dele deve ser o dez, muitas vezes peguei aquele armário, nunca tive preferência com números mais sempre sobrou só o dez, aceitava né, fazer o que, ao lado do seu livro grande e de aparência chata, ele tem uma constituição do Brasil, do ano de 1988, já até sei qual es seu sonho, se torna funcionário publico, me parece ser o sonho de quase todos desta sala. Na sua camisa tem um símbolo dos bombeiros.
Ele quer ser herói, sempre sonhei em ser herói também, mais não tenho jeito para isto, alias, eu não tenho jeito para nada.
A minha frente têm um garoto blusa verde, com uma frase escrita em inglês “You are Perfect” nunca gostei de inglês, ele usa um boné de cor cinza a mesma do meu, para mim o cinza e a verdadeira ausência de cores ou quase isto.

Uma tarde de um dia qualquer, onde eu fico a observar todos talvez eu esteja sendo observado também e nem estou percebendo, mais o que será que estas pessoas estão pensando, sinto falta de um baseado.

Detalhe...

Daqui onde eu me encontro consigo ver uma par de pés, coisa estranha, não aqueles pés, e sim a impressão de que eu já vi estes pés, eles são bonitos imagino que seja de alguma menina, me parecem delicados do tipo que nem toca no chão ao andar, delicados... Fico aqui a imaginar a donas destes pés, será que ela es delicada como seus pés, tudo leva acreditar que a dona deste pés não passa de um anjo, e perdido nesta cidade com aparência de solidão, na qual tudo me parece triste, tudo me parece monótono e sombrio, ela parece ter roubado o brilho do sol e esteja tentando se esconder, aqui nesta sala, sem que ninguém a perceba, isto es furto, ainda mais roubar o brilho do sol, tirar o alegria de uma cidade, para mim não faz diferença sinceramente estou até contente em poder ter este brilho ali escondido, e poder dizer que eu posso ver a delicadeza de seu brilho, uma ladra fantástica enganou o sol astro rei, é mulheres têm o costume de enganar os homens, mais me fica a impressão de tem visto este brilho,o brilho que surgiu de um belo par de pés.
Hoje pela manhã, ao sair de casa eu vi o sol ali o astro rei como sempre todo poderoso mostrando todo o seu maravilhoso brilho. Sem dar muita importância (certos dia eu não ligo para nada) fui aos meus afazeres sem me importar com nada, em um dia de muitas coisas a fazer você só pensa em voltar logo para casa, passados varias horas esperando minha vez em ser atendido e assim poder resolver meus problemas, esta sentado de cabeça baixa pensando e elaborando como vencer o nada, vi aquele brilho o mesmo brilho que vejo agora desta ladra, mais estes pés...

Eu conheço a dona destes pés...