A poesia é feita pela carne, coisa de libertino, de obsceno – coisa não-coisa contra a carne; pelo ódio contra o ódio; pela indignação; contra a política, contra a história, contra as sociologias, contra o povo, contra as raças, contra a geografia; imposta e indisposta pelo não e pela negatividade, por tudo aquilo que enfrenta o horror, – jamais essa coisinha bem comportada, bem pensante, bem sensível, bem ordeira, coisinha bem papai-mamãe sob lençóis regionais ou nacionais, – bem-dita, rimadinha na medida, bem explicativa, substituta da masturbação, da adolescência interminável, das velhices sem pudor, do narcisismo, do voeirismo, das pedofilias, das necrofilias de chopingcenteres e redes globo, – das tantas vaidades, das cartas, das crônicas, dos artigos, dos jornais e revistas, dos chistes e das piadas, – e que tão bem se dá com todos os “podres poderes” do estado, com todas as oligarquias, palácios, secretarias, repartições, com todas as políticas e políticos, – com todas as tradições populares de submissão e impotência em superar-se: aquele povo que pode apenas fazer palhaçadas pro riso das platéias quando não é mantido bem longe por feder; – e todas as tradições letradas e cultas, eruditas e universitárias da alienação e das ideologias.
Por Alberto Lins caldas
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