HORIZONTE ESCURO

TEUS OLHOS ERAM COMO REALCE DE VELAS COM AS CHAMAS A MORRER
TUA PÁLIDA PELE FRIA ANTES CHEIA DE VIDA
AGORA ESTÁ RASGADA COMO ESPINHOS DE GELO
TUAS TORRES CAÍRAM AO CHÃO

[BLACK HORIZONS - DISSECTION]


Frígida madrugada que assalta as almas vulneráveis

Na terra firme o reflexo abaixo do rio impetuoso

Posso ver o horizonte negro do meu passado

O vento que corta a correnteza

Da água obscura das recordações

Traz a poeira para ofuscar a visão

Cada grão do pó envolve obsessões

Suspende-me no ar que devora

Por cima de meu orgulho

Olhando para minha sombra distante

Misteriosa percepção

O tempo tornou-se esquecido

Gravitando sobre o solo ameaçador

No topo de minha ilusão

De olhos fechados como temeroso sou

Elevado como em precipício

De baixo a rocha me conquista

O granito polido anseia por suicídio

Obscuro abismo de minha memória

Mergulho no vácuo da escuridão

Destino escavado pelo impacto

Sono fundo... destruição

O meu ser esculpido e fragmentado

Corpo que flutua na solidão



ACADEMIA DE HISTÓRIA E FRONTEIRA INTELECTUAL

Todos chegam entusiasmados e adiantados. Exceto alguns, aqueles pobres em entusiasmo.
O professor erudito adentra no bando para aniquilar, todos o aguardam sentados e ele sabe disso... Espera anualmente para encher a boca com palavras irônicas aprendidas na sua província. Usa Bloch, Marx... Mas em seus gestos e desprezo pela teoria histórica reina muito mais Seignobos e Comte. Graceja com ironia e se arrisca a querer falar de filosofia. Um agrupamento de peixinhos vão de encontro, pois querem se auto-noticiar e sair nas bordas da imagem do doutor letrado que é quase um coronel em sua província.

O professor erudito teme Dosse, Burke, Nora, Chartier e toda essa ‘playboyzada’ que renovaram a história. Os “alguns, pobres em entusiasmo” começam a questionar aquele catecismo de índio sem etnia. (Des)organizam a academia, em fins de aula ingerem álcool e fumam seus cigarros baratos em conversas que não custam nada e que não se publica em revistas e periódicos. Não se publica, mas enfrenta-se. Há aqueles que falam do homem nos primórdios, se viviam sem ou com o Estado/governabilidade, evocando da arqueologia à filosofia de Rousseau. Aqueles mais revolucionários perguntam-se sobre os processos de (in)dependência da América Latina, do Maio de 68 à Foucault. Dentro desse contexto, discutem-se a ‘tirania’ de professores e o fascismo dos alunos. Há também indagações sobre a religião, das ‘mazelas’ cristãs... A história se faz com combates.

O cardume de peixinhos adentra no aquário do professor, nesta água, só eles podem nadar. Produzem artigos sobre: sincretismo, a origem das coisas, dos nomes e dos números. Escrevem num positivismo-regional com apelo a história oral sem tamanho. Ajoelham-se para seus mestres, os eruditos da história local. Outros historiadores e antropólogos tem combatido este agrupamento, tanto dos professores-pescadores como dos peixinhos que nadam no aquário da universidade.

A antropologia argumenta que historiadores deveriam ser coibidos de estudar a cultura. É uma clara tentativa de defender seu campo e não corrompê-lo na etnografia de historiadores (leia-se descrição de ‘populações tradicionais’ associada ao etnocentrismo) de meia-boca. O problema é que alguns peixes (estes não nadam em cardume) generalizaram argumentando que todos da História eram deste mesmo aquário. Tal argumento provém principalmente de um cientista socialzinho que lambeu no Priapo da História e só largou o membro quando o Priapo marxista-hermeneuta-uspiano deixou a universidade. O cientista... direi cronista da sociologia, pois tem se envolvido na literatura local, escrita pelo seu Priapo, com abordagem sociológica (segundo ele). É necessário salientar que este intelectual das letras, que jura escrever como Deleuze, escreve errado, não no sentido Saramago, mas por não conjugar um verbo corretamente. Isso é contraditório, pois ele vive a dizer que historiadores não sabem escrever.

Vive a dizer que somente eles (cientistas sociais), podem ler Weber, Marx, Foucault, entre outros. Só eles podem ‘criar’ e escrever. É o ‘intelectocentrismo’ que tem sede de se rebelar. É o diagnóstico de um cronista seriamente ameaçado, temendo que os alunos da história (exceto os peixinhos) combatam os parasitas da universidade sem ter que institucionalizar o movimento com nomenclatura mao-marxista. É necessário reconhecer que há serias divergências em qualquer movimento que se organize na história, desde alunos que boicotam não participando, até os (peixinhos) que fazem a política do contra. Portanto, não existe uma unidade da história, mas um fragmento que é combatente.

No momento, os peixinhos estão tentando tornar-se peixões como o professor erudito. O cientista socialzinho está tentando uma vaga de literato local, contraditoriamente a linha de história e ficção, para garantir que sua literatura seja vendida na província dos peixinhos, aliás, este aguerrido cronista não sai de sua província. O professor erudito continua adestrando novos peixinhos para o aquário. E os “alguns, pobres em entusiasmo” tem se engajado na docência e na pesquisa da história e filosofia como o eram em suas discussões, mas se reunindo em conversas regada a drogas, bebidas e história.

S/ Titulo

Hahahahahahahahahaha, essa vida é mesmo uma comedia,
pena que não tem mais valores, nessas cidades podres,
exploradas, devastadas, prejudicadas, capitalizadas, as crianças
realmente devem estarem loucas/ aquela mancha de sangue que surge,
na sua face significa seu fim, fins declarados e vidas surgidas dos esgotos podres,
de uma água tão limpa que recebemos/ com todos os seus livros, todos os seus títulos,
toda essa bagagem já não servem mais para nada, quem luta contra é uma criança faminta,
com aquele três oitão na cintura/ hoje pode ser o ultimo dia antes da ultima noite,
essa noite eles se matarão, esses lobos solitários que tem mais de mil complexos,
suas bocas com um suave sabor de sangue fresco, talvez você seja a próxima vitima,
talvez deixe de ser vitima, talvez todos os terroristas se encontrem  e tomem aquele velho
chá pela tarde, e depois como um até logo, saquem suas armas e se explodam, nos explodam/
minha arma tão amada, minha amada tão armada, talvez fosse você um grande problema,
as vezes você se torna aquela luz no fim do túnel, talvez esteja em perigo e no desespero de
ficar sem você, parto em busca, parto e me parto, depois como montando um grande quebra cabeça,
me reconstruo, com toda aquela grande dor, canto a primeira musica e lembro que fim e começo são
os mesmos, talvez seu dia comece com o meu fim, ou ainda possamos daqui uns 900 anos caminharmos
juntos pelo parque e alimentar todos os monstros que nos cercam/ se eu disser que amo você, você não acreditaria em mim, pois diante de tantos vocês, perco meu eu/ morte, morte, morte, velha amiga trágica,
andamos lado a lado, as vezes me enfureço com sua presença e acelero, me torno aquelas criaturas ofuscadas,
que são intrusas, criaturas/ pobres criaturas, que nunca explicaram uma lógica, talvez o melhor amigo te veja morto, enterrado, seqüelado, transtornado/ talvez todos os conceitos estejam errados, talvez o assassino não te mate/ talvez, talvez, aquele velho homem coloque seu novo sutiã, recarregue seu velho grampeador e grampeie, suas pálpebras, sua língua, grampeie seu coração que ainda insiste em bater/ a estrada estava molhada, os corpos molhados se tornam sensuais, as curvas parecem não ter fim, viajo no seu corpo, vagueio pelo deserto de seus olhos, mas não, a estrada estava molhada, sim tinham marcas de explosões ao redor, deveríamos ter parados e ter nos explodidos, mas não continuamos para ver o pior....

Ao nascer do sol a lua se esconde e ao por do sol a lua surge. De alguma forma o sol e a lua nunca se encontram, vivendo esta eterna perseguição de sentimento que diversos homens e deuses já tentaram explicar. O sol considerado o grande astro quando surge nesta terra desgraçada feita por seres velhacos e com péssimo cheiro, traz a luz e o calor dando vida ao homem.

Este ser que de alguma forma tenta dar sentido e significado a sua miserável vidas não conseguem ser feliz, durante toda a história dos humanos [humanidade/desumana?] acreditou ter inventado diversas coisas até um mundo sem os humanos. Criaram/Criamos pais, irmãos e amigos e tudo isso na tentativa de dizer – eu sou importante para algo/alguém. Eles/Nos inventaram/inventamos o tempo e a ausência do tempo, criamos as coisas e as coisas nos criaram.

E diante de tantas coisas criadas, foi possível notar que nada disso justifica estar aqui [Daissen?]. De todas as invenções duas se sobressaem perante as outras, a vida e a morte. Pois a invenção da vida gera todos os problemas que aqui presenciamos e a morte soluciona a maioria, muitos podem até discorda mais é fato que a morte resolve as principais questões da nossa existência, não nego que viver traz alguns problemas in-solucionáveis que nem a morte resolveria como o simples fato de existir.

Defendo sim que a morte como solução dos velhos e dos novos problemas [defendo até a morte], acredito que a vida seja a geradora dos nossos dilemas. A principal questão aqui não seria se a morte é a solução certa ou não [deixo este problemas para os verdadeiros filósofos/poetas do cotidiano], a questão é como morrer em uma sociedade que o homem é eternizado por palavras sem significado, como morrer em uma sociedade que já nascemos póstumos?

De certo modo, ventos de felicidades passarão por esta região e assim hoje pela manhã respirei este ar tão raro aqui dentro de mim.
Hoje acordei com algumas misérias de felicidades em mim, foi um dia diferente meu presente dia, meu presente dia...
Mergulhado em diversas filosofias e afins encontrei a felicidade, me sinto muito bem.
Manhã qualquer.
Soldados da paz.

Fracasso.


Depois de ter fracassado em diversas tentativas agora me vejo em uma situação de extrema agonia, com apenas um plano e um responsável, assim não vejo outra saída não sendo meu fim. Tenho o grande medo de não consegui o que considero único desejo do meu velho e fraco ser, não tenho forças suficiente para liquidar com o meu eu interior e minha mente já cansada. Desejo o fim dos meus sinais vitais, contudo me faltam-me forças.
Não sei se tive uma vida dignar até aqui, não sei e não me importo com isso, meu caminho até aqui não teve objetivo algum e minhas ações sempre foram realizadas em meu beneficio próprio, característico do meu egoísmo. Não consegui ser feliz e apensar de ter dedicado a humilhante vida que tive apenas aos meus ideais, não encontrei a felicidade. Certo vagabundo me disse uma vez que a felicidade encontrava-se em nossa mente, acreditei nessas palavras e fui atrás da felicidade, mergulhei em meus pensamentos profundos e na busca eterna da felicidade perfeita não encontrei e foi assim que me perdi em meus pensamentos. Agora me encontro aqui neste limbo, perdido e só, e o pior de tudo ainda não encontrei a utópica felicidade.
-Ele não sabe que a perfeição não existe?










Novos caminhos.


É necessário novos amores e novas paixões por uma vida boa 
Por uma vida plenamente
Por uma liberdade absoluta
Pela verdade. 
                       Há de ser apaixonar erroneamente,
                       Por alguém errado mal acabado
                       Uma pessoa que com todos os defeitos existente
                       Uma pessoa perfeitamente errada.


Desejo novos caminhos
Um novo mundo
Com novos ares e novos obstáculos,
Uma nova frase com sujeitos, predicados novos
Pode ser inventados
[Quero viver errado meu bem]

S/ titulo

O coração bate acelerado, descompassado,
se levanta vai até a geladeira e à abre, mas
além de abrir a geladeira, precisa abrir a porta
da casa e sair, é madurgada a rua está calma
segue ruas que não conhece, passa em lugares e
logo se esquece, sua visão está transtornada,
pensa em desistir, mas tem um coração que
insiste em continuar batendo, mas batendo
querendo parar, segue ruas e não para, toma
comprimidos sem limites de quantidade,
continua acelerando a motocicleta, porem a
velocidade é baixa, na sua mente alguem
está lhe seguindo, alguem está emergindo
na sua frente, freia bruscamente, e salta
violentamente, violento são os golpes aplicados
no ar, os poucos espectadores olham assustados,
ouve tiros de fuzil, motores de helicopteros,
percebe que a melhor alternativa é fugir,
neste momento seu corpo está tremulo,
têm dificuldade para segurar o guidão, mas consegue
fugir, trafega em alta velocidade, porem com nenhuma
vontade de continuar, resolve procurar os amigos,
porem acha melhor fazer uma visita para seus inimigos,
as ruas parecem todas iguais,
a localização se torna quase impossivel,
o combustivel começa a chegar ao fim,
seu corpo tambem, toda a energia está se esgotando,
a cabeça doi sem cessar,
a alucinação causada pelo remedio se transforma em dor,
e assim parece estar acabando mais uma noite tranquila...








INVARIÁVEL MATERIALIDADE

(...) Então nasce nele o estranho imperativo: ou parar de escrever, ou escrever como um rato... Se o escritor é um feiticeiro é porque escrever é um devir, escrever é atravessado por estranhos devires que não são devires-escritor, mas devires-rato, devires-inseto, devires-lobo, etc. Será preciso dizer por quê. Muitos suicídios de escritores se explicam por essas participações anti-natureza, essas núpcias anti-natureza. O escritor é um feiticeiro porque vive o animal como a única população perante a qual ele é responsável de direito (...) Deleuze & Guattari. Um trecho solto de Mil Platôs - Capitalismo e Esquizofrenia (1980). Uma epígrafe no vazio.



1. É detestável pensar no cotidiano como ele é construído, endurecido e submergido no tempo. É uma visão cruzada para elementos concretos e compreensíveis das criaturas que inventam mundo-perverso. Sofria bastante quando via calçadas imundas no centro, um meio-fio podre e lodo escurecido onde não pude debruçar-me. Padecia por não estar ali, dentro da imundície como qualquer larva que se relacionava com as outras. Era um existido que ecoava desespero somente em mim, a sujeira a qual os meus iguais não poderiam participar porque se sentiam lavadinhos mas haviam entupido todos os seus buracos com as materialidades, não lhes sobravam nem o anus onde a merda estava travada na entrada. Foi um evento pouco significativo, porém, oferecia a liberdade de esquivar-me da sociedade vomitada em ostentação. Era preferível mergulhar naqueles detritos mastigados e defecados. Isso não é um apelo a imundície.



2. Afundei denso. Fluía merda, e ela se fazia presente em todos os pulmões que absorviam o odor fétido flutuando sobre as nossas cabeças. Eu olhava com o corpo inclinado para frente e orgãos pendurados por fios, observava a geometria que ligava os indivíduos; linhas horizontais, verticais e uma fresta de fuga. Eu fugindo da materialidade, enxergava só materialidade. Era só aquilo que existia no vivido, no agora; metamorfoseado sem questionamentos, havia um circulo de indivíduos e um ordenamento deles em minha mente. Não era por acaso, mas era apenas uma fatia da imagem. O ambiente se restringia à uma coluna de concreto, degraus sombreados com quadriculados e muita imundície. O resto era meta-física diluída.



3. A coluna vertebral já ia bem amolada, o corpo estava pedestalizado neste obelisco. A traquéia demasiada ácida sentia cada saliva seca migrando. Um mal-estar proliferava no organismo, o sangue circulava morno. Esgotamento e enfrentamento. Uns quatro passos abaixo dos degraus e me apoiei na coluna de concreto; pensei o que constituía aquele instante, o gesto, naquele espaço vazio-social cada vez mais um todo-material. É como se o instante estivesse condenado às linhas que distribuíam os indivíduos que ao mesmo tempo se manifestavam através de uma linguagem. O instante indicava uma manifestação superior aos nossos pérfidos pensamentos. Um momento intenso sem preocupações mergulhado nas fezes. A memória se esvaziava e sedia lugar ao momentâneo, este se prolongava pela profundidade que mergulhava na reflexão das representações materializadas. Na realidade não é possível definir se são representações materializadas ou materializações representadas! Diria que enquanto vermes e micróbios envolvem o ambiente no espaço pútrido, a fala funciona como um mecanismo que possui um ponto de partida, seja ele um simples cumprimento ou um diálogo extenso. O ponto em discussão é para onde esta fala migra, se migra ou se possui um ponto de impacto que atinge o sujeito. Não creio que ela seja inerte, as fezes não são imóveis, não se originam da digestão: fluxo ordenado de idéias, posteriormente paralisadas no fundo estomacal. É necessário ter um caos cá adentro para gerar uma merda. Diria então que esta conexão dos indivíduos é uma fala, a linguagem dos materializados, daqueles que falam muita merda. Lembro que esta conexão a qual me refiro agora não é geométrica, mas aleatória, se enfia em qualquer buraco ou pode sair de qualquer orifício, como fezes. Ela parece fluir no popular. Não é uma questão de desperdício do discurso, mas é a assinatura do óbito histórico?

S/ titulo

Repentinamente, o semáforo
fica vermelho, repentinamente
parado observa o movimento ao
seu redor, percebe que a pessoa
que te acompanha, não é a desejada
aquela pele clara não lhe atrai, o
movimento dos veículos é tenso,
porem os pensamentos lhe lançam
para um passado recente e tudo
perde significado, deseja a solidão
porem tem medo, parado ali em um cruzamento
qualquer, em uma cidade qualquer, com qualquer
pessoa, uma luz verde se acende, todos seguem,
e pressionado pelo fluxo, flui, mas logo desiste
de continuar, continuar para onde?; para que?;
dispensa sua companhia, como quem dispensa uma dose
de qualquer bebida, nesse momento existe um pequeno
conflito, mas para quem deseja a solidão se deve ter coragem
de abandonar, sozinho tudo se torna mais fácil, a velocidade
aumenta, uma velocidade sem destino, o drible nos veículos, que
trafegam calmamente faz subir a adrenalina, e com toda a força,
resolve ir em busca da pessoa que lhe fez sentir feliz um dia,
esse dia está perdido em uns dois atrás, ou quem sabe nem tenha
existido, e outro detalhe importante é saber onde encontrar essa
pessoa, tem uma noite inteira pela frente, tem essa noite para esse
encontro, a revolta lhe remete para o crime, crimes que já foram praticados
com muita mais coragem e vontade, e depois de passar quase meia década,
escondido atrás dos livros, escondido com novos "amigos", resolve levantar
novamente a bandeira, de vingança e a busca incessante por adrenalina, muitas
vezes até conseguia adrenalina se ocultando nos arredores da cidade, para usar
qualquer coisa ilícita, mas isso já não satisfaz, os crimes são verdadeiros,
as consequências são castigos pra algum dos lados, a madrugada avança, as mãos ainda não estão estão sujas de sangue, sua busca pela pessoa desejada já está se tornando em vão, decide não procurar ninguém, nessa noite, e na madrugada solitária, os mais terríveis pensamentos lhe assombram, quem será o próximo "culpado", como saciar esse psicodélico desejo de fazer as pessoas sangrarem, a sensação é parecido com o reencontro com uma droga que não é consumida por muito tempo, e quando recomeça não quer parar, não consegue controlar, algumas pessoas insistem em te ligar, mas seus pensamentos psicodélicos impedem de atender, quando decide para em um bar qualquer, em uma rua qualquer, a pessoa desejada é encontrada com um estranho sorriso, toda sua irá se torna confusa, como carregar o bem e o mal dentro de uma cabeça, consumida pelo tempo, o dia está preste a amanhecer, logo o trabalho o espera, e novamente os piores pensamentos vão ter que esperar uma próxima noite para ser posto em pratica.......

S/ titulo

Repentinamente, o semáforo
fica vermelho, repentinamente
parado observa o movimento ao
seu redor, percebe que a pessoa
que te acompanha, não é a desejada
aquela pele clara não lhe atrai, o
movimento dos veículos é tenso,
porem os pensamentos lhe lançam
para um passado recente e tudo
perde significado, deseja a solidão
porem tem medo, parado ali em um cruzamento
qualquer, em uma cidade qualquer, com qualquer
pessoa, uma luz verde se acende, todos seguem,
e pressionado pelo fluxo, flui, mas logo desiste
de continuar, continuar para onde?; para que?;
dispensa sua companhia, como quem dispensa uma dose
de qualquer bebida, nesse momento existe um pequeno
conflito, mas para quem deseja a solidão se deve ter coragem
de abandonar, sozinho tudo se torna mais fácil, a velocidade
aumenta, uma velocidade sem destino, o drible nos veículos, que
trafegam calmamente faz subir a adrenalina, e com toda a força,
resolve ir em busca da pessoa que lhe fez sentir feliz um dia,
esse dia está perdido em uns dois atrás, ou quem sabe nem tenha
existido, e outro detalhe importante é saber onde encontrar essa
pessoa, tem uma noite inteira pela frente, tem essa noite para esse
encontro, a revolta lhe remete para o crime, crimes que já foram praticados
com muita mais coragem e vontade, e depois de passar quase meia década,
escondido atrás dos livros, escondido com novos "amigos", resolve levantar
novamente a bandeira, de vingança e a busca incessante por adrenalina, muitas
vezes até conseguia adrenalina se ocultando nos arredores da cidade, para usar
qualquer coisa ilícita, mas isso já não satisfaz, os crimes são verdadeiros,
as consequências são castigos pra algum dos lados, a madrugada avança, as mãos ainda não estão estão sujas de sangue, sua busca pela pessoa desejada já está se tornando em vão, decide não procurar ninguém, nessa noite, e na madrugada solitária, os mais terríveis pensamentos lhe assombram, quem será o próximo "culpado", como saciar esse psicodélico desejo de fazer as pessoas sangrarem, a sensação é parecido com o reencontro com uma droga que não é consumida por muito tempo, e quando recomeça não quer parar, não consegue controlar, algumas pessoas insistem em te ligar, mas seus pensamentos psicodélicos impedem de atender, quando decide para em um bar qualquer, em uma rua qualquer, a pessoa desejada é encontrada com um estranho sorriso, toda sua irá se torna confusa, como carregar o bem e o mal dentro de uma cabeça, consumida pelo tempo, o dia está preste a amanhecer, logo o trabalho o espera, e novamente os piores pensamentos vão ter que esperar uma próxima noite para ser posto em pratica.......

Se o Estado líquido for história

O líquido que fluí e impera na atmosfera da história
É um enorme rio violento e amargo
Derrama o seu caldo em todos os espaços
Destrói o que está organizado
Apaga os escritos mais anarquizados
Extingui o oposto, irregular e o avesso a sua correnteza

O líquido fluí por todos os buracos que falam
E transborda pelas porosidades que se calam
Penetra nas fissuras
Modela as estatuas solidificadas
Desfigura os mais friáveis

Um fogo que se ergue é apagado
Ventos violentos não alteram a direção
O fluxo é único, avassalante
Não sobram ilhas, nem margens
Fica tudo bem lavado
Atmosfera histórica limpa

Há um horizonte muito claro na metamorfose do tempo

O que resta é contaminar esta água que almeja a limpeza
No movimento do avassalador
Deve conter pedras capazes de mudar o seu curso
As margens que o controlam
E os seres vivos que o contaminam de idéias

Conforme a história, o líquido tem um temor
O vácuo, o vazio...
Se isto ocorre é em virtude de um volume sólido
Impermeável, duro e sem fissuras
O líquido o contornará
Mas se este crescer terá todos os espaços
De forma que o rio perde o curso
Submerge no nada
E o sólido encrava na história
Como martelos que quebram ampulhetas e espalham a areia no tempo
Quando a orquestra cadavérica de Satã chegar
Não haverá cântico, apenas massacre
Falantes cadáveres infernais
Berram mil vocábulos diabólicos
Dentes que rangem como cães famintos
Batidas flamejantes
Rugidos ofegantes
Estrondo de blasfêmias
O eco incomodará os mais escondidos
Temor e vomito negro
Como carniças que fedem
Cristãos fodidos
Demônios sopram em flautas ósseas
Tíbias do rebanho porco
Exala o odor e clama destruição
A escuridão que contorna o ambiente
Também abraça a sinfonia doentia
O fogo inflama nos corações negros
Incinera os crucifixos
Desgraça o sentimento humano
Que devora o sagrado
Engole incontestavelmente insano
E cospe desagradavelmente profano
Em uma aula de historiografia, um professor nos disse que os escritores revelam muito mais em seus textos o seu próprio “eu” do que propriamente o objeto ao qual ele se refere. Desde então percebi como ele estava certo, não porque vi o egoísmo de alguns autores cravados nos livros de história, mas o diálogo que muitas vezes empreendem se colocando cada vez mais dentro dos eventos. O que dizer de documentos não escritos? Estes sim são as portas abertas para liberdade da escrita histórica, sem invocar arqueologismos, etnologismos ou qualquer outro cientificismo comprometedor.



Arte-fato.

O artefato admira. Com repulsa, desespero ou angústia? É um olhar que revela apenas o solo escuro, vestígios de seu desterro longínquo à volta a história que existiu distante. Talvez um pouco de memórias de subsolo, faz com que ele [o artefato] reflita à medida que a noite caía e que a obscuridade se fazia mais densa, minhas impressões e em seguida minhas idéias se misturavam, se confundiam. Havia alguma coisa em mim, no fundo do meu coração, no fundo da minha consciência, alguma coisa que não queria morrer e que se revelava por uma estranha angústia (F. Dostoiewski).
Ainda respirava... Estranhamente suspirava memórias pelos dois orifícios abaixo do olhar enigmático. O nariz não estava confortável com o solo que o cobriu durante todos esses anos. Não estava preocupado com os micróbios nem mesmo com as atividades bióticas que ocorriam ao seu redor. Só desentendia porque tanta vida num espaço de morte.
Ele gritará aos subterrâneos, mas ninguém o ouvia. A boca com um vácuo esferóide, muito profunda, fez ecoar na eternidade o esquecimento. Ninguém recorda, mas ele sabe o que pronunciou, logo ali, abaixo de nossos pés. Estava lá todo tempo se expressando, queria morrer, deveria ter morrido. Por mais que tenha erodido sua face, ele continuou por ali, não se movia. Mas de tanto querer ser humano, a argila se fez homem e eternizou num grito de insurdescência aos artesãos [surdos] modernos, que modelam a contemporaneidade silenciosamente.

Hermano,

Minhas paixões estão sem controle, minhas noites estão em claras e agitadas e meus sentimentos apodrecem no canto de uma cela qualquer.

Querida,

O que sinto por você não pode ser medido nem vendido, pois é vazio e leve e o único peso que aqui há e o de respeito a sua morte em minhas memórias póstumas.

Mamãe,

O sexo que fazíamos quando jovem já não me traz o mesmo prazer, hoje transar com você já não significa mais nada para mim. Suas lágrimas não me afetam, seus gritos eu já não escuto os meus desejos giram entorno de nossa morte.

S/ titulo

O que queríamos?;
alguém consegue
lembrar?; o que
queríamos? nunca
será lembrado,
estávamos ali, parados
sentados, olhando, conversando,
os assuntos nunca passavam de pessoas,
atitudes, representações, alguém teve uma
ideia, uma piada?; porque os risos?; são
ideias, pena que ninguém falou, da calça
suja de nenhum, ou da resposta tensa do
outro, falavam de ideias e nunca poderiam
entender, todos ali esperavam uma grande
ordem, ou tudo se ganha ou tudo se perde,
mas porque essa ordem não chega logo?;
aos que esperavam com pedras nas mãos,
já tem suas mãos sangrando, machucadas
pelas pedras, os que esperavam com flores
já tem suas mãos feridas pelos espinhos
das rosas, e a maldita ordem ainda não
chegou, o que queríamos, quando nos jogamos
para fora do ventre no mesmo dia, no mesmo ano,
no mesmo mês, e recebemos todo
o a-feto que nos foi fornecido, queríamos,
que todos passassem a mão sobre nossas
cabeças, e vivemos assim por muito tempo,
até que o dia chegou, estamos jogados
no lixo e ninguém nos vê, porque
passamos a noite discutindo sobre
o vazio e o ser?; diante do exposto
tomamos a seguinte decisão:..................

S/ titulo

O que vale a pena?
pena que estamos vivos
noites transpassadas
vidas passadas, vida
curta esperamos tanto
e nada vem, e quando
vem é uma merda de um
onibus, um metro caindo
aos pedaços, nos jogando
no chão, jogando bem além
do chão, pena que não existe
inferno, se existesse é lá que
estariamos, jogados pisados,
esperando toda a merda vomitada,
arremessada, estamos aqui ainda,
vendo o que não queremos, ouvimos o
que não queremos e o pior de tudo,
não entendemos, não entendemos essa sua
cabeça depravada, frases que matam, mortes
inconscientes, inconsciente foi a noite,
em que morreram o mais fortes dos guerreiros,
herois que nunca existiram, perdas somadas
aos milhões de reais jogados fora, por corrupção,
por distração, e distraido seguimos a estrada que não
tem fim, que não está em nós, estradas que só trazem dor,
amor que nunca existiu, amor que reprimiu, reprimidos seguimos
a linha, a linha da morte, a linha da vida, vida e morte
se confundem, quem nunca morreu nada dirá, os que morrem
continuam calados, o silencio não erra, eramos quando
falamos, erramos porque o certo é errado, ainda não
sabemos porque continuamos, continuar pra que?; se vamos
dar a volta em tudo, voltas que nunca serão iguais,
vidas que jamais ressucitam, estava tudo errado,
errados estamos nesse mundo certo...

S/ titulo

Insuportavel, era assim que podia
se definir aquela tarde, ou aquele
fim de dia, a estrela brilhante
estava torrando a paciencia de continuar
respirando, velocidades que ninguem consegue
entender, numeros que matam, que assutam,
o transito era um reflexo do insuportavel
naquele fim de dia triste, quase não se podia
ver os passaros, e nos meio daquele calor
escaldante, até as aves buscavam refugios,
e em um minuto de fama, um minuto de drama,
um passaro foi visto, parado ali no meio do
movimento, no cruzamento, cantando canções
vitoriosas enquanto a luz vermelha do
semaforo não se apagava, e logo já
vinha uma luz verde, que indicava
liberdade, e novemente velocidades,
agressividades, que se somavam a novas
estatiticas, o mundo naquele momento não
andava tão calmo a ponto de romantizar
o canto de um passaro, mas esse foi o motivo
que amenizou o peso do dia, as ruas empoeiradas,
a sujeira na estrada e alguem da sacada do apartamento,
olha o jumento carregando agua, para onde os canos não
chegaram, onde as dificuldades são maiores,
onde a comida nem todo dia vem, onde as letras,
são bastantes complexas e um conjunto de letras
não formam nada, onde os cantos dos passaros ainda
são aprecidos, na calmaria de onde tudo é dificil
os passaros ainda tem seu valor, pois cantam de graça,
para os ouvidos do pensador

S/ titulo

Poderiamos estar comemorando,
mas não estamos, mesmo com a noite
suave e a bebida gelada e a comida quente
não comemoramos, pois alguem nos disse
que Friensky, não estava mais entre nós,
nesse mundo consumido, ainda não sabemos
o motivo de sua morte, ele trabalhava durante
o dia todo e até alguns pedaços da noite,
todos acreditam que o brother Friensky,
morreu no trabalho, porem seu corpo foi
encontrado embreagado e jogado em um bar,
alias em mais um bar, uma pessoa que nunca
bebeu e não gostava da amargura das bebidas fermentadas
a viva já lhe era muito amarga,
e então podemos comemorar o que?
vamos celebrar a passagem da vida
terrestre para a vida celeste?
não é nosso prestigio,
poderiamos nos lembrar, dos
dias crueis na fabrica, das
mãos calejadas, das mãos quebradas
dos sonhos que sumiam, a cada queda
da lamina que cortava chapas, cortavam
pensamentos, ideias, no caso do Friensky
cortou seu corpo, se tornou morto,
e ao contrario do que alegaram, ele não
estava muito louco,
talvez aquelas mãos cansadas de verificar
cabos eletricos, eletronicos, eletrons
que contaminavam a mente e na tarde, poderia
ter influenciado na tentativa de matar seu
patrão, e duas horas mais tarde, foi encontrado
morto no bar, esse deve ser o mundo em que vivemos
esse é o mundo em que morremos, esse mundo é onde
comemoramos todos os dias todas as mortes, todos
os indios, todos os cablocos, todos os escravos,
todos os membros do sub-mundo, todos da cana, todos
da soja, do milho, madeira, petroleo foram mortos
como voces, como nós.