Tríade; quase nada
- Olhos que o húmus necrófago estraçalha, Diafragmas, decompondo-se, ao sol posto...”
(Augusto dos Anjos)
“Odeio as almas estreitas, sem bálsamo e sem veneno, feitas sem nada de bondade e sem nada de maldade.”
(Friedrich Nietzsche)
“Mas esse nada, essa fina fatia de nada, essa corrente que não cessa, essa escassa pele, é a coisa mais densa, mais presente, mais profunda do viver. Sobre esse nada, dentro dessa finura, desse já, criamos o universo, a totalidade do já foi e todas as pressões e anseios do será.”
(Alberto Lins Caldas)
Caí apologia, ergue ideologia,
Reina caos, Impõe razão,
Universo em construção.
Transcende espírito,
Cobiça anti-cósmica,
Vazio preenchido por prazer,
A memória não quer permanecer.
Crenças e teorias fluindo
Destruição, eu destruindo
Restos de fluxos de fatos
Um refluxo fundamentado;
Eterno até onde sonhar,
Infinito até onde idealizar,
Imortal até onde vivenciar,
Onde Deus está?
O silencio pertence ao impossível
O nada não é desprezível.
Experiência da vida é manifestação,
Inspirada pela ficção
Contra os valores naturais
Abandonando o velho tempo
Em movimento regressivo
No declínio do possessivo.
Longe da divina sujeição
Em um lugar além da verdade
Sem posição e poder
Mentira e fato são o mesmo viver
Em uma independência subordinada
E obediência anarquizada,
Para desnaturalizar o existente
Que anseia fuga da mente
E aniquilar o imaginário
Que sonha ser realidade.
Mas é esse querer,
È a vontade particular de ter
O que não foi dado
Roubar o que já está abandonado,
Da essência desamparada
Para a possessão pelo quase nada!
Uma força discursiva
Constrói uma guerra metafísica.
O estouro para libertação da linguagem
Acionando vapores de libertinagem
Insatisfação gerando devoração,
Nesse combate de comunicação
A compaixão é domínio da religião,
Escapa algo de materialidade
De joelhos celebrando as desistências
Do ser mais fraco e sensível
Que grita inutilmente para o impossível
Altos ampéres de ingênuos perdões
Depois de libertinas satisfações.
Em uma manta com adornos orientais
Oculta o passado e diviniza o presente
Num ritual de desesperos gritantes,
Ouvidos provocam na terra levantes,
Que a atmosfera engole em gargalhadas
Revertendo-se em melancolias inacabadas.
O pecado ejacula no espaço
Dentro dos limites transcendentais
O destino reúne os sagrados e profanos,
Enquanto a nação espera anjos draconianos
O tempo relata sexual ausência,
O sêmen proclama permanência
Em penetrar culturas cicatrizadas
Apreciando etnias sodomizadas.
Virgem e ingênua oriente puberdade
Bastarda e maldita ocidentalidade
As navegações excitaram as Américas
Como juventude pervertida querendo mais e mais
Envaginando toda materialidade do real
Com seu orgasmo na América central.
Do outro lado o budismo em tentativa medita
Enquanto a cristandade liberta a humanidade
Deixando livres para viver sua prisão,
O islamismo sangra por devoção
Mas o oriente corrompe-se em violenta orgia
E todos querem o divino e desprezam o dia-a-dia.
E por onde andam as quietudes universais?
O desgaste da alma pela purificação,
Que um poder maior toca a distancia
Provocando total redenção e ânsia.
Inferioridade espiritual é uma destruição
E nenhum poder é superação,
A ilusão esta apagada.
A realidade esta desgastada...
O que resta neste instante
É ser quase nada!
Sou um verso escrito no estupor
Com as palavras erradas
Corretamente escritas
Das grafias mais ininteligíveis
Dos mais pomposos copistas
Eu descobri que a poesia
É só hipocrisia
Eu descobri que a vida toda
Se vive só num dia
Não sei se sinto asco
Do Vinícius sempre romântico
Não sei se sinto pena
Do Dos Anjos se suicidando
Não pretendo ser de todo mundo
Tal qual Drummond de Andrade
Não entre o escrever do Mário
Porquê tanta individualidade
O príncipe Bilac?
Não, eu não queria ser tão certo
Muito menos a melancolia
Da Clarisse Lispector
AHHHHH
Eu descobri que a poesia
É só hipocrisia
Eu descobri que a vida toda
Se vive só num dia
Não quero escrever:
Vozes veludas, veludosas vozes
Nem escrevo tudo em rima
Igual ao Castro Alves
Não quer ser um poeta religioso
Igual ao Antônio, o padre
Nem ser uma fêmea
Quem nem Chico Buarque
Não sou poeta, nem literata
Vi as palavras no caminho
E as saía chutando feito lata
Sou um menino amazônida
Com o sangue consumido pela poesia
Pela beleza ímpar da floresta
Que todo mundo suicida
Eu descobri que a poesia
É só hipocrisia
Eu descobri que a vida toda
Se vive só num dia
Descobri que as pelavras mortas
Falam mais alto do que as vivas
Descobri que os ouvidos vivos
Serão mortos algum dia.
E eu, na velocidade da luz, vou atrás dele
E nem assim o consigo alcançar
E já não entendo
Essa minha melancolia idiota
É tão esquisito
Quando chega aquela hora
(Momento constrangedor)
Tudo parece bem
E de repente vem, como um soco
Que tira sangue
E às vezes é tão forte
Que nem sangue resta
Talvez eu seja mesmo exagerado
Mas até meu exagero é moderado
Eu ouço vozes no meu ouvido
Que me denunciam
Só que também me deixam alegre
E o mesmo tempo me despedaçam
Em tantas faíscas
Que depois quase não consigo juntar de novo
Às vezes até faltam alguns pedaços
Talvez por isso sou tão incompleto
Agora, o mundo gira rápido demais
E eu nem sei no que acreditar
Duvido até de mim mesmo
Mas mesmo assim caminho
Num caminho tão escuro
Que nem com olhos fechados enxergo mais...
...Me leve a sua alcova
Eu não mereço essa tormenta maldita
Mãe dos meu desejo quero ir contigo
Para o reino obscuro onde Marduk dormiu
Eu tentei ser um credor frio, humano
Agora vem a Jerusalém descortinada
Não em Babilônia, mas
Que
Deusa suprema dos meus sonhos
Eu venero teu nome contra a fúria
Dos ventos na linguagem dos mortos
Eu já vivi este mundo bastante
Para saber que almas são escravas do poder
Tu es cicuta no vinho da santa ceia
Conceda-me o teu obscuro prazer
E deixe queimar uma pirafuneraria
Esse aroma escurecido que me faz sentir
Febril cada vez mais perto de ti.
Certas Horas...
Quando ninguém é
Aquilo que parece ser
Quando os mortos
Sabem mais da vida
Do que os que estão a viver
Certos dias
É melhor estar só
Quando a loucura nos ataca
É somos néscios por instantes
Antes que cheguem as pessoas
E o teatro se reabra
Em algumas ocasiões
Faz bem não ter ninguém
Quando todos falam alto
E não posso ouvir minha própria voz
Quando todos querem ajudar
É sem perceber
Cada um no momento oportuno
Torna-se algoz
Há horas nas quais
A solidão é bem-vinda
Quando sem cerimônias
As cortinas se fecham
E cada um procura seu caminho
Quando as luzes do teatro se apagam
E na escuridão
Eu posso me ir despindo
De tudo aquilo que não sou
Certos momentos
Estar só É o melhor remédio.
Sem titulo!
Deixem-nos purificar nossa própria alma
Quanto mais perto da morte estamos
Maiores são os sentimentos de existência
Mas ainda estamos presos em uma misera rotina
São as batalhas do cotidiano que nos mantêm vivos
É essa interminável guerra que não nos deixa pensar
Pensar em uma fuga que nos deixe em um lugar sem vida
É ela que nos faz permanecer em sofrimento
A única forma de libertação é a amortização
O verdadeiro sentimento da vida é o amor ao extermínio
Vivemos em uma guerra em que jamais vamos vencer
A única certeza é a que vamos morrer
Assim seremos livres para pensar, agir e ter prazer.
E nunca mais sonharemos em viver
Estranho
Senhoras e Senhores
Eu vos apresento
O estranho
Errado e profano
Um ser inalienável de berço
Com um jeito simples, complicado sujeito
Sem nome ou alcunha
Anônimo por natureza
Por isso reconhecido desde a origem
Anônimo sem beleza
Antônimo sem realeza
Uma riqueza que existe apenas em nós
Riqueza bela riqueza!
Água em cristal petrificada
Como sangue que repassa em vós
Digno de castidade
Digno de perversidade
Indigno somente de real veracidade.
EM UMA TARDE DE TEMPO MONOTONO
COM PESSOAS SIMPLES
MAIS SINTO ALGO FASCINANTE
NESTE CONTEXTO,
ENTÃO COMO EXPLICAR TUDO ISSO,
EM UM CORPO COM TRUQUES DESEJOS E TRAIÇÃO,
TRAQUINAGENS
MISTURADA,
ALGO COMPLICADO
ALGO INVENTADO.
-CALMA - CALMA...
POSSO EXPLICAR.
POSSO EXPLICAR...
CONFESSO NÃO SER FACIL,
SENTIMENTOS COMPLICADOS,
ISTO ERA UMA FALTA DO QUE ESCREVER,
DO QUE FAZER,
PROCURANDO PRODUZIR
REPRODUZIR,
TALVEZ TENTANDO SER UM POETA
CHEGAR AO PONTO ELEVADO.
O VENTO RESVALA NO MEU ROSTO
LIVROS, INDEX PROPOSTOS
TRAZEM POEIRAS AOS MEUS OLHOS
TRAZEM PROBLEMAS AO MEU CORPO
ME FAZEM VER MELHOR
FAZEM-ME VIVER MELHOR...
ÀS VEZES VOU CONTRA O VENTO
E FAÇO DELE UM FURACÃO
ALGO MONÓTONO
COMO AMOR DE VERÃO
QUE SE VAI QUANDO CHEGA O INVERNO
QUANDO ARVORES
NÓRDICAS PROFETIZAM O SEGREDO GELADO
QUANDO O NOVO É RESTAURADO
INSTAURANDO UM CAOS ORGANIZADO
SEM COMEÇO, MEIO OU FIM
PORQUE NOSSA DESTRUIÇÃO É RACIONAL
PORQUE A EXISTENCIA NÃO DEVE SER QUESTIONADA
PORQUE A FERIDA SANADA
NÃO MOSTRA A VERDADE
E A VERDADE NÃO MOSTRA NADA.
Megalomania
Essa mania que ataca a muitos
...
Com essa mania de se achar superútil
Deixei de perceber o quanto sou inútil
Tanto inútil quanto fútil
Pensei que pudesse ter algo de valor
Mas eu não nasci
dentro de uma ostra..
Como fugiremos da guerra
senão pelo amor?
Como venceremos o ódio
senão pelo mesmo desigual amor?
Dor e amor
Talvez se combinem
Talvez sejam dois lados
da mesma moeda
Como seria um soldado
se não amasse meu inimigo?
Como mataria um adversário
se não fosse capaz de viver por ele?
Quem sabe seja impossível
Fugir ou vencer
Mas a guerra é constante
e o amor é optável
Amor em guerra...
Amor é guerra.
Sobre amor e guerra
Como fugiremos da guerra
senão pelo amor?
Como venceremos o ódio
senão pelo mesmo desigual amor?
Dor e amor
Talvez se combinem
Talvez sejam dois lados
da mesma moeda
Como seria um soldado
se não amasse meu inimigo?
Como mataria um adversário
se não fosse capaz de viver por ele?
Quem sabe seja impossível
Fugir ou vencer
Mas a guerra é constante
e o amor é optável
Amor em guerra...
Amor é guerra!
Tese sobre um amigo
Na companhia de um desconhecido,
vou indo em direção ao mundo,
com um companheiro confuso,
mas amigo sempre que possível.
a solidão me aflige,
ela e tudo que preciso...
-Moronha um camarada forte, com muita cafeína!!!