Quando criança a primeira vontade que tive foi a de querer morrer, naquela época diziam que eu era doente, diziam que eu sofria de algum mal, do fígado ou do coração mesmo. Sei apenas que os meus médicos sempre negaram de qualquer enfermidade em mim, contudo tenho certeza que sofro de algum mal desconhecido deles.

Durante minha infância cresci aproveitando ao máximo os prazeres ilusórios da vida. Acreditava no que não se podia ver, mesmo assim era feliz e como era. Estes sentimentos sombrio, depressivos e angustiantes nunca estiveram presentes durante minha infância, mas naquela época não havia tristeza me mim, como era bom ser criança. Isso durou até quanto eu descobri que tudo não passava de mentiras, sofri tanto com essa descoberta, como sofri. Lembro-me que a minha votante de morrer permanecia e os meus planos para um possível suicídio estavam se concretizando.

Quando cheguei à puberdade eu sangrei e chorei muito. Conheci a angústia e a depressão, entretanto, eu não sábia mais o que era certo e o que era errado. Naquele momento eu estava sem caminho a percorrer e resolvi desbrava o mundo da ilusão. Entrei em um caminho torto, estava cansado de sofrer e fui atrás das paixões e da felicidade e foi assim que encontrei a fantasia. Cheguei há estar alegre no mundo das fantasias, porém apenas durante o dia, o meu problema era durante as longas noites, nessa época o meu melhor remédio era eu não ficar comigo mesmo, o que acontecia com freqüência nas madrugadas. Nas madrugadas eu tinha muito tempo para planejar os meus velhos planos da infância, planejar a minha morte.

Hoje sou um homem doente... Um homem mau, um homem desagradável[1], vivo de cama com a saúde muito debilitada. Se fui uma pessoa boa ou má, não sei, apenas sei que nunca desejei estar aqui neste lugar miserável e vivo, sempre me senti obrigado a viver e hoje percebo que a vontade de me matar foi o que me manteve vivo. E como dizem os filósofos, que a única questão digna de reflexão é o suicídio. E afirmo com orgulho que foi sobre este tema passei grande parta da minha vida a pensar e é por isso que acredito estar vivo.



[1] Em referencia à Memórias de subsolo.

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